Um dia vou voar junto ao azul do céu oriental, serei pálido e saudoso, e soltarei a voz em um soluço
e o vento do sul ao passar nas arestas deixadas pela saudade, monótona e decadente, vai enfraquecer
cada vez que à porta bater até lhe faltarem ares e a exaustão o fazer desistir de sua pugna.
vou tornar-me uma rara surpresa entre os sonhos e os profetas farão de meu nome vaticínios entre
Os sonhos escondidos de quem lembrar de meu suspiro.
Agora me calo após ter sido ouvido nos píncaros e no pego, me calo na insensatez da carne, mas me faço
ouvir no mais profundo sentimento do espírito.
Passaram-se as esperanças e agora me apego ao novo sentimento de ser uma nebulosa afastada do
Do ponto de equilíbrio e encontro em outro momento um novo sentido.
Agora em terras distantes procuro um novo calor entusiasta para reviver a força das paixões deixadas
em um segundo de aspiração onde volvem-se agora silenciosos, quebrantados estando em eterno repouso.
Assim chega neste momento a escuridão que traz juto a tristeza que insiste em lembrar que daquela
canção alvissareira, da alma reticente não mais iria retinir a voz que vivera e sentira, gemera e cantara.
Aí surge a pergunta:
- De que valeu lutar tanto?
Valeu, valeu muito, porquanto “as espumas que no mar justificam a flora sombria da tempestade,
também reluzem como ouro e prata no dia de alegre e fogoso sol”.
Então, o longe vira perto, a distância fica curta, a tristeza vira alegria e alegrias trazem os antônimos.
Agora espero que como aves que fogem do fatídico látego do frio, fuja de mim esta lágrima saudosa, e
estas palavras levem lembranças de mim às vossas memórias.
.
...
As aves do silêncio gorjeiam
Entre um momento tétrico da solidão,
Esvoaçam no sacudir de suas asas
A poeira, sobras de uma noite sem dormir.
Procuro um caminho por entre
O doce convite de uma taça de vinho
Que me chama a conhecer
A parreira obliqua,
Majestosa, lépida,
E insistentemente ébria.
Nos sonhos avassaladores lança raízes vorazes
Capazes de sugar a seiva das mais pobres vontades
E esquecer do convite da solidão,
Que faz morada nos becos escuros da noite
Ou na ponta da rua da escuridão eterna.
Há pressa em devorar-lhe para sempre
E perder a embriaguez em segundos
Na transparência instantânea da lucidez.
Um brinde, tão antigo que se perde no tempo.
Cíclico como a espiral de um ciclone
Depois de copos de insanidade oferecidos
ao filho de Zeus gerado fora do ventre da mãe.
...
O trem
Certa vez, fazia uma viajem de trem e percebi um banco vago, outras pessoas por ali liam, outras conversavam e assim diziam:
- Você viu ontem na novela o beijo da atriz.
- É não tem jeito mesmo os preços aumentam e nossa aposentadoria cada vez mais diminui.
- Olha o amendoim torrado - dizia um menino passando e se equilibrando com os solavancos da composição.
- Caneta, olha a caneta.
- Olha o livro de receitas.
Uma torre de babel de produtos que a cada estação o vagão perdia alguns e logo em seguida recuperava mais uns dez.
- Esconde, esconde olha os home! - Gritou alguém lá do fundo.
- Tô desempregado e preciso de ajuda para dá de comer pros meu filho, me acuda pelo amor de Deus!
Fico um tanto curioso por que aquele banco ainda continua vazio, por certo não é reservado para gestantes nem para deficientes, ou tampouco para idosos, não é de cor diferente e nem tem aqueles adesivos.
É um mundo diferente dentro desses vagões que transitam durante o dia, que levam e trazem dezenas de pessoas, sabe lá pra onde e traz sabe lá de onde, só sei que estive lá naquele dia ou de vez em quando, mas com certeza com um destino.
- Moço, vai ai uma balinha de hortelã.
- Não obrigado, não gosto de hortelã.
- Mas tem de limão, de uva, de banana!
- Não, muito obrigado.
Peguei um jornal que havia sido deixado ali no banco ao lado, para ler a primeira noticia : "Açougueiro mata amante da esposa dentro de casa".
Fechei o jornal e fiquei olhando a paisagem que passava diante da janela de belos trens espanhóis comprados a preço de novos, e via um belo jardim por toda o caminho composto por lindos pés de capim gordura e outros tipos de ervas daninhas.
Mas de repente olhei e vi aquele banco vazio, seria um tipo de teste, ou seria um novo equipamento ali colocado, como entrei no trem em uma estação bem depois da inicial não saberia dizer o porque.
Olho no relógio, acho que vou chegar a tempo para meu encontro - pensei comigo.
- Atenção senhores usuários estamos parando por pobremas técnicos na linha.- não fui eu que errei, o maquinista disse pobremas mesmo.
Só me faltava essa, preso aqui até sabe quando, ja não bastava a distância agora também essa parada do trem, uma coisa é certa os vendedores terão muito tempo para vender seus produtos.
- Olha a bala de hortelã, limão, uva, manga, banana.
Um estalo e... Viva! O trem novamente começa a andar, devagar mas está andando.
Então, olho para aquele banco e ele continua vazio, mas é contra a lei da natureza humana em um lugar cheio de pessoas ninguém ocupá-lo.
O trem continua seu caminho deixando para trás as paisagens estáticas. De repente um lance rápido de algo perdido em algum momento perdido dentro daquele mundo perdido, encontra-se uma revelação a chamar a atenção de quem espera que o tempo seja cúmplice de novas descobertas.Uma gota.
- É, uma gota caída daquele banco abandonado, inundado, a espera de alguém que lhe de um pouco de calor humano, mesmo que seja de uma bunda.
Parou!
Nova estação, as portas se abrem e entra uma alma vinda de onde poucas transitavam.
Ele mira o banco, o banco mira-o, eles se querem, eles se desejam, o primeiro lança um olhar cativante, possessivo, o segundo age com resignação esperando o momento do triunfal encontro. Chega então o momento decisivo – Puta que o pariu não senta - Nunca pensei tão alto em minha vida.
Mas era tarde, inundou-se o rabo.
Talvez um dia ao olhar para o alto e não ver mais o azul do céu oriental, pálido e saudoso, em que a voz do vento nas arestas fica monótona e decadente e enfraquece cada vez que à porta bater queixoso e tétrico, talvez quando das bandas do ocidente me faltarem ares, como chama a se apagar, crepúsculo inconseqüente tornar-me-ei. Deixarei a veste branca recortar a penumbra do horizonte vacilante e a onda invasora descer de suas alturas e lavar a pureza das almas.
Longe... inda mais longe, mais alto que os píncaros ou no pego, embebem-se os olhos na distância, somem, abismam, se perdem em um naufrágio celeste; Só e triste a bordo dos sonhos, segui com os olhos uma aventura indefinida, aí desvaneceram as esperanças e a “alma apegou-se a forma vacilante das montanhas – derradeiras atalaias dos arraiais da mocidade”.
Porém, em terras distantes, onde chegara com calor entusiasta, a força das ilusões, a idade ainda com o poder de lutar e as esperanças de alcançar vitória por Afrodite minha; volvem-se agora silenciosos, quebrantados esperando repouso em antigos devaneios.
Assim, frente a tristezas quando o manto negro cobre céus e solidão sobe com a brisa do oceano, lembro-me de ti. Contudo, insistia a tristeza ao lembrar que nada restaria daquela canção alvissareira, da alma reticente não mais iria retinir a voz que vivera e sentira, gemera e cantara. Logo, chega a hora de obumbrar-se sobre o vasto incêndio do crepúsculo e calar o belo sorriso efêmero.
Aí surge a pergunta:
- De que valeu lutar tanto?
Valeu, valeu muito, porquanto “as espumas que no mar justificam a flora sombria da tempestade, também reluzem como ouro e prata no dia de alegre e fogoso sol”.
Então, o longe vira perto, a distância fica curta, a tristeza vira alegria e alegrias trazem os antônimos.
Agora espero que como aves que fogem do fatídico látego do frio, fuja de mim esta lágrima saudosa, e estas palavras levem lembranças de mim às vossas memórias.
Ser louco não é tomar mel é chupar a abelha, existem loucuras que fazemos todos os dias - dormir de meia, acordar durante a noite para comer, ligar o rádio as 7h00 da manhã em volume alto, só para dizer algumas. Mas , loucura mesmo é se achar dom Pedro I e sair por ai sentado num cabo de vassouras gritando - Idependência ou morte. O que acham?
Loucura é viver em um pais que em alguns anos será umas das 5 maiores economias do mundo e mesmo assim vermos tanta desigualdade social e não fazer nada para mudar nem mesmo mandar um e-mail para os políticoas para dizer - olha estou aqui vendo o que você está fazendo!
Loucura é sentar e esperar que a montaha va até Maomé, é esperar que o ovo cozinhe em agua fria, que ostra triste não de pérolas.
Que "a razão seja o perfeito equilibrio de todas as faculdades, fora daí, insânia, insânia e só insânia." está certo, porém, o equilibro está também na "loucura equilibrada da razão", uma linha tênue a ser respeitada.
A loucura segundo Simão Bacamarte, "diz que os loucos agora são os leais, os justos, os honestos e imparciais. Dizia que se devia admitir como normal o desequilíbrio das faculdades e como patológico, o seu equilíbrio."
Louco, o que é então ser louco? - Podemos chamar a atenção para a relatividade da ciência. Observamos que, a cada teoria criada, pensa-se estar diante de uma verdade absoluta para, em seguida, perceber que isso não é verdade. Isso é loucura!?
Portanto, chego a conclusão que não há loucura, ou há, dependendo de quem vê, de quem faz, será que é isso?
Como diz a Damiane, Se é louuuuuuco.