Talvez um dia ao olhar para o alto e não ver mais o azul do céu oriental, pálido e saudoso, em que a voz do vento nas arestas fica monótona e decadente e enfraquece cada vez que à porta bater queixoso e tétrico, talvez quando das bandas do ocidente me faltarem ares, como chama a se apagar, crepúsculo inconseqüente tornar-me-ei. Deixarei a veste branca recortar a penumbra do horizonte vacilante e a onda invasora descer de suas alturas e lavar a pureza das almas.
Longe... inda mais longe, mais alto que os píncaros ou no pego, embebem-se os olhos na distância, somem, abismam, se perdem em um naufrágio celeste; Só e triste a bordo dos sonhos, segui com os olhos uma aventura indefinida, aí desvaneceram as esperanças e a “alma apegou-se a forma vacilante das montanhas – derradeiras atalaias dos arraiais da mocidade”.
Porém, em terras distantes, onde chegara com calor entusiasta, a força das ilusões, a idade ainda com o poder de lutar e as esperanças de alcançar vitória por Afrodite minha; volvem-se agora silenciosos, quebrantados esperando repouso em antigos devaneios.
Assim, frente a tristezas quando o manto negro cobre céus e solidão sobe com a brisa do oceano, lembro-me de ti. Contudo, insistia a tristeza ao lembrar que nada restaria daquela canção alvissareira, da alma reticente não mais iria retinir a voz que vivera e sentira, gemera e cantara. Logo, chega a hora de obumbrar-se sobre o vasto incêndio do crepúsculo e calar o belo sorriso efêmero.
Aí surge a pergunta:
- De que valeu lutar tanto?
Valeu, valeu muito, porquanto “as espumas que no mar justificam a flora sombria da tempestade, também reluzem como ouro e prata no dia de alegre e fogoso sol”.
Então, o longe vira perto, a distância fica curta, a tristeza vira alegria e alegrias trazem os antônimos.
Agora espero que como aves que fogem do fatídico látego do frio, fuja de mim esta lágrima saudosa, e estas palavras levem lembranças de mim às vossas memórias.
.
Postado por
wal lima
comentários (5)