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"Não deixamos de viver quando morremos, mas sim quando deixamos de amar"

O trem


Certa vez, fazia uma viajem de trem e percebi um banco vago, outras pessoas por ali liam, outras conversavam e assim diziam:

- Você viu ontem na novela o beijo da atriz.
- É não tem jeito mesmo os preços aumentam e nossa aposentadoria cada vez mais diminui.
- Olha o amendoim torrado - dizia um menino passando e se equilibrando com os solavancos da composição.
- Caneta, olha a caneta.
- Olha o livro de receitas.
Uma torre de babel de produtos que a cada estação o vagão perdia alguns e logo em seguida recuperava mais uns dez.
- Esconde, esconde olha os home! - Gritou alguém lá do fundo.
- Tô desempregado e preciso de ajuda para dá de comer pros meu filho, me acuda pelo amor de Deus!
Fico um tanto curioso por que aquele banco ainda continua vazio, por certo não é reservado para gestantes nem para deficientes, ou tampouco para idosos, não é de cor diferente e nem tem aqueles adesivos.
É um mundo diferente dentro desses vagões que transitam durante o dia, que levam e trazem dezenas de pessoas, sabe lá pra onde e traz sabe lá de onde, só sei que estive lá naquele dia ou de vez em quando, mas com certeza com um destino.
- Moço, vai ai uma balinha de hortelã.
- Não obrigado, não gosto de hortelã.
- Mas tem de limão, de uva, de banana!
- Não, muito obrigado.
Peguei um jornal que havia sido deixado ali no banco ao lado, para ler a primeira noticia : "Açougueiro mata amante da esposa dentro de casa".
Fechei o jornal e fiquei olhando a paisagem que passava diante da janela de belos trens espanhóis comprados a preço de novos, e via um belo jardim por toda o caminho composto por lindos pés de capim gordura e outros tipos de ervas daninhas.
Mas de repente olhei e vi aquele banco vazio, seria um tipo de teste, ou seria um novo equipamento ali colocado, como entrei no trem em uma estação bem depois da inicial não saberia dizer o porque.
Olho no relógio, acho que vou chegar a tempo para meu encontro - pensei comigo.
- Atenção senhores usuários estamos parando por pobremas técnicos na linha.- não fui eu que errei, o maquinista disse pobremas mesmo.
Só me faltava essa, preso aqui até sabe quando, ja não bastava a distância agora também essa parada do trem, uma coisa é certa os vendedores terão muito tempo para vender seus produtos.
- Olha a bala de hortelã, limão, uva, manga, banana.
Um estalo e... Viva! O trem novamente começa a andar, devagar mas está andando.
Então, olho para aquele banco e ele continua vazio, mas é contra a lei da natureza humana em um lugar cheio de pessoas ninguém ocupá-lo.
O trem continua seu caminho deixando para trás as paisagens estáticas. De repente um lance rápido de algo perdido em algum momento perdido dentro daquele mundo perdido, encontra-se uma revelação a chamar a atenção de quem espera que o tempo seja cúmplice de novas descobertas.Uma gota.
- É, uma gota caída daquele banco abandonado, inundado, a espera de alguém que lhe de um pouco de calor humano, mesmo que seja de uma bunda.
Parou!
Nova estação, as portas se abrem e entra uma alma vinda de onde poucas transitavam.
Ele mira o banco, o banco mira-o, eles se querem, eles se desejam, o primeiro lança um olhar cativante, possessivo, o segundo age com resignação esperando o momento do triunfal encontro. Chega então o momento decisivo – Puta que o pariu não senta - Nunca pensei tão alto em minha vida.
Mas era tarde, inundou-se o rabo.

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